Rabiscos sobre certezas em constantes metamorfoses

rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele devasso, que se estende, mãos e braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra o seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não sua ira. (R. Nassar)

Nome:

uma mistura de todos vcs.

20 agosto, 2007

... eterna busca ...

A incerteza toma conta do ambiente, as dúvidas também estão por aqui. O caminho até seu encontro foi árduo, por isso, os fracos, como as respostas, ficaram para trás. Torna-se pesado viver quando se percebe fazer parte da infelicidade de uma outra pessoa. A cada batida de seu coração uma lagrima cai, a cada movimento de seus pulmões, buscando ar, uma lembrança rouba seus pensamentos. Ter 23 anos é como o primeiro dia de aula, muitas são as dúvidas e poucas são as respostas. Suas decisões naquele dia determinarão quem você será por todos os outros dias de aula. Onde você sentará, com quem irá conversar, com quem irá sair para o recreio. Ter a consciência de que suas decisões marcarão o resto de sua vida, soa como algo a ser prorrogado.
_ Covarde! Gritam os anjos ao seu ouvido.
Calmo e com lagrimas no rosto ele sussurra:
_ Ser anjo é fácil, além de intimo de Deus, não se tem coração.
O problema é a noção do sentimento e a dimensão de sua humanidade.
Conseguir rir é fácil, ser feliz é uma eterna busca.
Amar é fácil, viver é uma eterna busca.
Transar é fácil, se entregar é uma eterna busca.
Escrever é fácil, ser lido é uma eterna busca.

13 agosto, 2007

O amor: segundo Vinicius lll

O clima era o melhor possível, pouca luz, boa música e uma tranqüilidade capaz de ser tocada. Ele tímido olhava a todo instante as borboletas de seu braço. Ela usando sua típica armadura contra desilusões, sequer reparou nele ali (no canto de sua existência) a observá-la. Musicas e músicas tocam ao fundo, olhares se cruzam. O sorriso amarelo começa a despontar no canto das bocas. Porém, não esboçado nenhum movimento em prol de romper a distância existente entre os dois corpos. As canções ajudam, mas os corações (cada qual na sua desilusão) não se manifestam.
Os olhares contínuos a assustam, ela recua. O tempo passa e é chegado o momento de se despedir:

_ Já vou, tchau - diz ele rompendo a barreira da comunicação verbal. E, beija carinhosamente seu rosto.
_ Tchau, diz ela.

Ele anda, a caminho da porta, de cabeça baixa, respiração lenta e coração apertado. Torce para que algo aconteça.
Ela o observa, lembra dos olhares, a cada passo dele seu coração vibra – como que prevendo a saudade que aquele olhar provocaria. Torcia para que algo acontecesse naquele momento, como que uma ajuda divina.

Algo aconteceu...

Uma amiga os uniu.

Sem apresentações, sem nomes, sem palavras. Trocaram um profundo olhar e beijaram-se. Os anjos, sentados ao redor, observavam atentamente a alegria do amor (algo que só os impuros seres-humanos têm a dádiva de sentir).
Beijaram-se com tanto gosto, volúpia e sinceridade que a escuridão ambiente foi rompida por raios coloridos que nasciam no toque de seus lábios, formando um lindo arco-íris. Flores eram desenhadas nas paredes. Notas musicais eram cravadas escrevendo partituras em seus corações.
Lentamente afastam os lábios, sua mão corre pelos cabelos dele que sussurra ao seu ouvido:

“É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe”.

07 agosto, 2007

Carta à Julia:

Como se não bastasse o futuro: essa coisa perpétua e plena de caos. Essa juventude Amadora, verde. “Imadura”. Esses direitos de chorar que nos colocamos a prova mais solitária, porra de crise juvenil. Tô de saco cheio destes ovos ao chão e dessa cara de criança apaixonada no espelho... E os seus “sapientes fins"?!?!?... Tesos de tanta ignorância... A maior de todas, é justamente de ser jovem e querer salvar o que ainda “há de ser pródigo”.
Fim.
Pena...
...
Nem mesmo as dentaduras hão de nos salvar.

Obra de Thais Arnaut (http://mealugo.blogspot.com)

05 agosto, 2007

O amor: segundo Vinicius ll

O sol se pondo foi a única testemunha daquele reencontro. Aquele par de assas, tatuado na pele branca de suas costas, eram inesquecíveis. Ele hesitou por um longo minuto de observação, não poderia acreditar que fosse ela. Não queria acreditar que fosse ela. Tantos anos juntos. Tantos anos depois. Muitas alegrias despercebidas, poucas tristezas consolidadas. A linda chuva de cores do céu baiano cedeu espaço ao escuro de suas lembranças. Ela percebeu que alguém a observava, mas hipnotizada estava pela beleza de suas lembranças. A lenta partida do sol em busca de seu refúgio encontrou nela uma dezena de lembranças inacabadas - das quais ele consta em boa parte. As tristezas derrotam os bons momentos e suas lembranças transitam somente nas promessas não cumpridas. Algumas coisas nunca deveriam ser explicadas. Ele percebe que a explicação é quem rouba a beleza dos bons momentos. Bons momentos são as explicações da vida e de nossas imperfeições. Ele a toca, acariciando sua tatuagem. Ela não olha. Deixa ser tocada. Eles não trocam sequer uma palavra, olhares também não. Os sangues se misturam como que em uma corrente bombeada por um único coração. As estrelas chegam, a lua abre o baú das lembranças partilhadas. Ambos, como que em combinação, vivem os mesmos momentos passados. Sua mão quando busca afastar-se é bruscamente agarrada. Mãos juntas. Cúmplice suor. A cerveja esquenta em seu copo e, ela de nada se preocupa. “O que faço agora”, pergunta ele com voz baixa como aquela que costumava entoar quando cantava a ela antes de dormir. Ela beija-lhe calmamente a mão, passa em seu rosto e em sua boca a estaciona. “O que posso querer a não ser seu beijo”, responde ela. As perguntas: por onde você esteve e o que aconteceu com nós, não foram proferidas. Amaram-se durante horas naquela noite, do dia primeiro do ano de 1987. Olharam-se pouco. Nenhuma promessa. Quando ela tentou dizer que já estava atrasada para ir, ele lentamente levou seu dedo a boca dela e disse: “Não quis marcar compromisso com o amor, para poder nunca me atrasar. Mas, reconheço que estou atrasado para a vida justamente por não ter encontrado meu amor na hora certa”. “Essa é a hora certa”, afirmou rapidamente ela. “Essa é a hora certa” disse calma e lentamente ele. A luz do sol invade o quarto e, junto a ela chegam notas de violão acompanhadas de uma bela voz que canta ao fundo: capoeira que é bom/não cai. E se um dia ele cai/cai bem.
Quem é homem de bem/não trai. O amor que lhe quer/seu bem. Quem diz muito que vai/não vai. Assim como não vai/não vem. Quem de dentro de si não sai. Vai morrer sem amar ninguém...