Rabiscos sobre certezas em constantes metamorfoses

rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele devasso, que se estende, mãos e braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra o seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não sua ira. (R. Nassar)

Nome:

uma mistura de todos vcs.

04 outubro, 2005

Resposta de Vitor Freire ao texto anterior.

- Amanhã seremos grandes.
- Ótima notícia!
- Mas não se anime.
- Como não?
- Não seremos grandes sozinhos.

Cortina da Existência

Acreditou naquele olhar sem nome, sem endereço, sem passado. Mas, aquele olhar nunca cruzou sua vida, sequer reparou nele ali deitado em sua cama sofrendo da síndrome da "falta de olhares".
Percebeu que sua intuição inventava verdades.
A falta de olhar é como a borracha do individuo, apaga sua existência aos poucos. A decepção derramada em sua vida, pela amizade de sua intuição, causou-lhe apatia pelo anonimato. Quando descobriu que dependia dos olhares, resolveu não olhar para as pessoas. Podendo assim, apagá-las do Mundo.

a falta de dinheiro é meu império vazio

são cinco horas e não interessa os minutos. são cinco horas e não interessa o discurso. não, eu não estou tentando. estou apenas descendo a avenida judia no bairro judeu, na rua onde mora eu, baiano, caótico do sexo masculino, uma-banda do vendaval caboclo, a pobreza é que não existe uma só pobreza: percorro pobrezas paralelas, estou na transversal, mas não tenho mão para erguer - parar o ônibus, chamar o táxi, acenar a mulher, assassinar o vento. isso tudo converge do profundo desgosto pela falta de dinheiro. é sim. a hipocrisia das meninas que por acaso são ricas, e o modelo do carro dos meninos que por descuido, são milionários. e são isso, só isso. eles possuem inúmeras pobrezas paralelas, mas passam em alta velocidade pelo sinal vermelho. Eu estou a descer a rua e fico triste com apertinhos de mão, batidinhas nas costas, eu quero ser corrupto e nojento, eu quero que paguem minha conta bancária. Eu quero dinheiro e não elogio. Eu quero ser rídiculo e não promissor. Minha desgraça é que a mediocridade me incomoda mais do que a pobreza. Alguém me passe uma oportunidade com manteiga, eu quero comer, eu quero olhar com desprezo para cédulas de 100 reais. Eu quero ser rico por uma semana, pelo menos - fazer tudo que tenho aqui planejado - depois volto a ser pobre, mas deixo viva minha realização. Eu quero ser idiota. Eu posso. Eu sei que posso. Eu quero ser idiota profissional. Que merda a arrogância, que merda a inteligência. A poesia é um crime contra meu bolso. E não me levam preso, porque a cela do Maluf na PF seria minha mansão. E não me levam, porque eu não sou tão interessante. Sou pequeno, magrelo e tenho sotaque baiano. Eu estou bêbado são cinco horas e não importa os minutos - importa que eu estou puto com a falta de dinheiro que assola meus sapatos. Meus e de João Filho. Vou dormir, amanhã eu acordo.
de meu grande amigo Vitor Freire (http://vitorf.blogspot.com)