Rabiscos sobre certezas em constantes metamorfoses

rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele devasso, que se estende, mãos e braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra o seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não sua ira. (R. Nassar)

Nome:

uma mistura de todos vcs.

27 abril, 2005

eles dizem...

Igor eu entendi.
Eu perdoo alguém que seja prático e realize coisas úteis. Coisas que dão em algo, entende? Mas essa pessoa não pode amar essa coisa. A nossa única salvação por fazer algo inútil é amar essa coisa imensamente. E tudo que faço é abusurdamete inútil. Toda a minha arte é inútil. A arte é inútil em si mesma. O artista pode usar de sua inutilidade e gerar um pragmatismo absoluto, porém essa utilidade foge da mesma e encara âmbitos mais mundanos com a venda, promoção, teorização ou inclusão social. Filosofia de banheiro ou toda a filosofia é inútil. Mas não se vive sem banheiro, mas sem filosofia sim. Sem arte também, sem arte também se vive. Vive-se mal, mas vive. Precisamos admirar a nossa inutilidade. A inutilidade da vida, das conversas, das mulheres. Eu sou pago apenas pra apertar botões e eu amo isso. Ps: Com certeza isso já foi escrito por alguém em algum lugar. Sabe lá Deus onde.
Hilan Diener - http://www.cabezamarginal.org/quepena

14 abril, 2005

Um homem infeliz é um morto-vivo.

(Glauber Rocha)

11 abril, 2005

eles dizem...

O fim da estória.
Eu nunca sei quando as estórias acabam. Por isso sempre fico preso entre uma e outra, ou entre nenhuma e nenhuma outra; entre um recomeço sem fim e um fim sem término.
Talvez por ser mais espectador, ou coadjuvante, do que protagonista da minha vida, tenha essa enfermidade de não dar conta de quando baixa o pano.
As luzes apagam, o público sai, os colegas limpam a maquiagem e eu continuo lá: com a fala na cabeça, o texto decorado, aguardando a deixa.
A deixa que nunca vem.
Sempre tive medo das coisas e das pessoas. Um pavor e uma falta de fé. Talvez por isso eu tenha criado minha própria companhia teatral, onde sou diretor; contra-regra; atores e público.
Enceno só para mim uma tragicomédia.
A realidade me faz tão mal e me deixa tão fraco que fico, no fundo do palco, muitas vezes, a sussurrar o texto a mim mesmo.
Às vezes não ouço.
Quase sempre não ouço, porque sussurro baixo e minha voz é trêmula...
O público não entende a peça, logo, não aplaude. Eu, furioso, demito a todos: ao autor; ao diretor; aos atores...
Expulso o público do teatro e ateio fogo a tudo.
E ali dentro fico eu, junto às cortinas e aos holofotes, incandescentes; queimando, queimando, queimando...
(Alejandro da Costa Carriles)